As expectativas iniciais foram largamente
ultrapassadas. Fruto de um trabalho aturado e muita persistência ao
longo de um ano, fomos conseguindo contar com a colaboração de um número
considerável de jovens hoquistas tendo sido obtido um resultado final
animador. Para além de inovador, o presente estudo é o mais amplo e
abrangente alguma vez feito na modalidade em Portugal.
Obtivemos uma participação importante dos atletas de muitos clubes com
tradições na área da formação e que também coincidem com as zonas
geográficas do nosso país onde a modalidade tem alguma expressão.
O maior grau de adesão verificou-se nos jovens mais ligados ou
envolvidos na modalidade, isto é, os que jogam mais tempo, os mais
competitivos e os que participam em trabalhos das Selecções.
Realçaram a importância da TV na captação de jovens praticantes,
confirmando a nossa percepção. Também o grande significado da influência
de pais e amigos para o entusiasmo, sobretudo na iniciação à patinagem.
Os jovens hoquistas relevam como factor motivacional mais importante
para praticarem a modalidade a sua característica colectiva, isto é,
onde o espírito de equipa é acentuado. Atribuem também muita importância
aos factores “Aprender e melhorar a técnica” e “Gosto pela competição”.
Deduz-se que se estas situações estiverem sempre presentes ou forem
melhoradas, a motivação da maioria dos hoquistas sairá reforçada.
Surpreendentemente ou talvez não, é o facto dos jovens secundarizarem
(aparentemente) bastante os factores relacionados com as recompensas
materiais, sobretudo o dinheiro. Este aparece nos últimos lugares, o que
está em sintonia com algumas teorias sobre a temática da motivação,
nomeadamente as teses de Kohn A., o qual defende que “Pay is not a
motivator”.
Colocados perante o hipotético papel de decisores, com poderes para tal,
os jovens disponibilizariam material e equipamento, sobretudo para a
iniciação e para os atletas com menos posses. Consideram que o facto do
material ser ainda um pouco oneroso, é factor de inibição do crescimento
do hóquei em patins.
Também actuariam no domínio da divulgação/publicidade sobre diversas
formas e em diversos locais. Sobressaem a TV e os infantários/escolas
primárias.
Não foi surpresa que uma larga maioria dos jovens respondentes nos
confidenciassem que o seu maior sonho no hóquei em patins é chegar à
Selecção, sobretudo à Selecção Nacional. Também um grande número e no
mesmo âmbito do anterior, sonha ganhar um título, sobretudo
internacional, ou/e denotam ainda uma faceta competitiva acentuada nas
suas afirmações (sonhos).
Tendo em atenção que as organizações modernas e ganhadoras se devem
preocupar cada vez mais em saber quais as necessidades dos seus
“clientes” é importante auscultar o que lhes vai na alma.
Como consideramos que neste estudo as opiniões e características dos
respondentes são suficientemente representativas do todo nacional,
pensamos ter contribuído para deixar pistas aos interessados pelo
desenvolvimento do hóquei em patins. Tendo em conta os resultados
obtidos, pensamos que os mesmos poderão ser utilizados (nomeadamente as
variáveis que os atletas dão mais valor) para cativar, sobretudo novos
praticantes, ou manter viva a chama da motivação dos actuais hoquistas,
(dependendo da estratégia definida pelas organizações).
Acabo como comecei, quem estiver sinceramente interessado em contribuir
para a evolução da modalidade, deve atender, por um lado aos factores
que os jovens hoquistas portugueses dizem que os motivam a praticar o
hóquei e por outro, também às suas opiniões ou sugestões. Isto se
quisermos, no mínimo ser coerentes com as expectativas criadas aos
jovens na parte final do inquérito quando se transmite “Muito obrigado
pelas tuas respostas/opiniões, elas são verdadeiramente importantes”.
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